quarta-feira, 27 de março de 2013

Parabéns Té!




"Qué um bolhú gááánde da Pél!"

Cá está ele. Grande. Da Rapunzel. Com três andares, tantos quantos os anos que passaram desde que inundaste de rosa o nosso mundo outrora tão azul. Espero estar por cá para te fazer os próximos 50 bolos.

Parabéns Teresinha!

Um beijo do tamanho do mundo da tua mãe que te adora (milhões) ;-)

sábado, 23 de março de 2013

corre Teresa corre




Ao fim de quase três (longos) anos o Tiago descobriu uma forma de controlar a irmã. Pô-la a correr. Da cozinha ouço a sua voz de comando:

"Preparar, partida! Até ao armário!"

Lá vai ela, a sprintar pelo corredor. Até faz vento.

"Muito bem! Outra vez! Enquanto conto até dez!"

"Quéi!"

Nova volta. Espreito para ver se não bate em nenhuma esquina...

"Mais uma vez!! 1... 2... 3... 4... 5... 6... 7...  8... 9... 10! "

Estão nisto durante uns bons 15 minutos o que é inédito (regra geral, quanto tento que façam algo juntos, há gritaria logo aos primeiros 30 segundos).

O Tiago está radiante. Amestrou a fera. Arrisca tudo e joga uma cartada final na esperança de ter sossego até ir para a cama:

"Agora vais correr a maratona. Começas aqui atrás da mesa, dás a volta ao sofá e depois vais até ao fundo do corredor. Sempre assim até eu chegar ao 'mil-e-quinhentos-e-setenta-e-cinco'. Vais ver que é fácil."

Claro que não resultou. A Té é pequena mas não é parva. Deixou-se de corridas e resolveu montar uma tenda com algo grande e verde que trouxe de casa da avó. Pedi ao Tiago para dar uma ajudinha. Antes que tivesse tempo de virar costas já estavam engalfinhados.

Instalada a normalidade, restou-me contar até dez e ficar a brincar às casinhas debaixo de um colchão de ginástica.

terça-feira, 19 de março de 2013

dia do Pai



A vida tem-me ensinado que isto de ser bom pai tem muito mais a ver com coração do que com vocação. 
Tenho ao meu lado o exemplo perfeito de alguém que não planeava ter filhos (pelo menos antes dos 40) e que com trinta e poucos já era o melhor pai do mundo de três. 
Quando digo o melhor pai do mundo não o faço como um cliché. O André é mesmo um super-pai. 
E porquê? Porque tem um coração gigante e um amor e dedicação sem fim aos nossos pequenos 3T’s.
Por pior que seja seu o dia, tem sempre tempo para os miúdos. Tempo útil de afecto, atenção, cuidado e brincadeira. Muita brincadeira. Tanta, que a desmancha-prazeres da mãe é quase sempre chamada a intervir para colocar alguma (pouca) ordem na casa.

Assim, hoje, cabe à mãe parabenizar o melhor pai que alguma vez podia ter sonhado para os seus filhos:

FELIZ DIA DO PAI!!! ÉS O MAIOR.

E, como dizem que ser avô é ser “pai duas vezes”, não posso esquecer o avô Nino e o avô João, sempre presentes e prontos a apoiar e acarinhar os seus meninos. E quanto ao bisavô Dino, já é “pai três vezes” por isso também merece um beijinho especial.

Bem hajam.

segunda-feira, 18 de março de 2013

"aí vai um avião carregado de..."




Nesta altura do campeonato já devia ter aprendido que ao falar com um sub-3 é necessário um cuidado adicional com o significado literal que as nossas palavras possam ter. Passo a exemplificar:

“Té, come o bife.”

“Não qué.”

“Téééé, come o bife.”

“Não quééé!”

“Vá lá….”

“Não.”

“Tiiiira a chupeeeeta da bocaaaa!”

“Nãããão.”

Técnica do avião. Ainda funciona:

“Aí-vai-um-avião-carregado-de-carninha… abre o hangar…”

“Nãããã…”

“Olha o aaaaviãããão a chegar… tem de entraaaar… pi pi pi… comando para abrir o portão…”

Lá guarda a chupeta e abre ligeiramente a boca. Com alguma perícia enfio-lhe o pedaço de bife. Mastiga com um ar satisfeito.

“Estás a ver Té? Até gostas. Porquê tanta fita? É muito bom. Sabes para onde vai agora o avião? Para a tua barriguinha!”

Mete a mão à boca, saca da carne semi-triturada (é sempre uma imagem bonita de se ver) e coloca-a sobre a barriga.

“Não, Té!!! Vai para dentro!!!”

“Quéi.” (okay em Teresês)

Levanta a camisola, amassa a comida contra o umbigo e pergunta:

“Aqui?”


Desisto. Há-de comer melhor ao lanche.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Glória




A Glória está connosco desde o seu primeiro dia de vida. Culpa do Beckham que afugentou a mãe gata do quintal impedindo-a de levar consigo todos os filhotes. Culpa minha que cismei que havia de conseguir fazer sobreviver aquele ser tão frágil. Culpa de todos que se recusaram a procurar um dono para o bicho assim que começou a ganhar alguma autonomia. Chamou-se  Diego (o Ice Age era o filme do momento) até descobrimos que era menina. Virou Glória. Gata Glória.

Eu nunca gostei particularmente de gatos. Sempre tive a ideia de que eram seres muito independentes e desligados e que, ao contrário dos cães, serviam mais como elemento decorativo do que como companhia. A Glória não defraudou as minhas expectativas.  Em cinco anos nunca vi naquela gata um gesto de carinho para com esta desgraçada que durante semanas a fio se levantou de duas em duas horas para lhe dar umas gotinhas de leite. Para a Glória eu sou a operacional: tem fome, tem sede, ou tem a areia suja, vem ter comigo. Duas voltas altivas em redor de mim  são suficientes para que eu perceba que estou em falta no suprimento das necessidades básicas de Sua Excelência. Em TODAS as outras ocasiões ignora-me totalmente. Gosta do André, há que dizê-lo.

Por outro lado, sempre achei que os gatos eram animais que não davam trabalho e não faziam grandes asneiras. Estava redondamente enganada.

Comprei-lhe uma caminha fofa e confortável. Uso: zero. Sítios de eleição para dormir: gavetas das (MINHAS) camisolas no inverno e  lavatório da (MINHA) casa de banho no verão. Nada mais agradável e higiénico do que querer lavar os dentes e ter um bicho peludo esparramado no lavatório. Resta-me o prazer de abrir a torneira da água fria.

Gastei uma fortuna numa traquitana onde supostamente ela se devia entreter durante horas a brincar e a arranhar uns cilindros coloridos. Outro sucesso. Nunca tocou naquilo, optando por dar uso às suas garras na pele dos sofás da sala. Para segurança dos miúdos e, numa tentativa vã de salvar as mobílias, comprei um alicate de unhas próprio para gatos. Mal pensado. Se segurar um gato já é difícil, fazê-lo empunhando um alicate exige uma prática e um grau de temeridade que, definitivamente, me faltam.

Resolvemos o problema das garras pela raiz quando descobrimos que existia uma cirurgia de remoção definitiva de unhas dos gatos. Podem chamar-me o que quiserem. Prefiro um gato sem unhas do que um filho sem um olho.

A integridade física das crianças ficou mais salvaguardada. Quanto aos disparates, não deixaram de acontecer. Lista, não exaustiva, de coisas que um gato sem unhas consegue destruir:

  • Árvores de natal - a presença da Glória tornou a nossa árvore extremamente dinâmica. Os enfeites não se aguentam mais do que um dia na mesma posição;
  • Embrulhos - o conceito de presente na base da árvore de Natal desapareceu. Qualquer presente à vista é desembrulhado à dentada;   
  • Objectos de borracha - havaianas, relógios, óculos de piscina, nada lhe escapa;
  • Pacotes de leite - à mínima distracção já vejo leite a escorrer pela base da porta da despensa. Já tínhamos fechos de segurança no armário dos detergentes, dos medicamentos e das facas, agora os bens de consumo essenciais também têm acesso restrito;
  • Jarras de flores - se forem estreitas não duram meia hora na vertical. Flores, cá em casa, só em baldes;
  • Papel Higiénico - um minuto, é o quanto precisa para transformar um rolo a estrear num monte de papel para o lixo;
  • Roupas penduradas no estendal - cordões, mangas, biquínis e meias são os alvos preferenciais.


Ontem ao chegar a casa deparei-me com uma camisola sem um punho. Tive vontade de a desfazer. Não desfiz, claro. Primeiro porque tenho alguns princípios, depois porque não a consigo apanhar. Mas imaginei, confesso, como seria mais fácil a nossa vida se lhe tirássemos os dentes. Ou, ainda melhor, se a embalsamássemos. Poderíamos colocá-la em diversos sítios: no sofá, num cantinho da sala, numa prateleira. Mais: podíamos fazer-lhe festinhas sempre que quiséssemos!


Pronto, Glorinha, já passou. Apesar de tudo sabes que gosto de ti. Mas vê lá se não te esticas.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Camões, o Aguadeiro



“Tiago, já ouviste falar do Luís de Camões?”

“Sim Tomás, o Luís de Camões viveu num tempo em que havia países que não tinham água e ele ia levar água a esses países…”

“?????!?!?!?!?!?!?! Não. O Luis de Camões era um tipo que se portava mal. Como é que eu te hei-de explicar… imagina o pai, casado com a mãe. O Luís de Camões vinha e portava-se mal com a mãe. O pai ficava doido e queria desfazê-lo… ele tinha de fugir. Durante uma data de tempo mandaram-no de um sítio para o outro mas, como ele acabava sempre por se portar mal, decidiram enviá-lo para África. E mesmo assim não se portou bem. Foi lá que levou um tiro no olho.”

“Não foi um tiro, Tomás. Foi com uma espada!”

“Enquanto estava a entregar água?...”

“Não. Numa luta, com uma espada. Foi, que eu sei.”

“Foi com uma espingarda. Já havia espingardas nessa altura.”

“Não foi nada.”

“Foi sim. Ah, e também escreveu um poema importante. Mas não me estou a lembrar do nome.”

“Foi com uma espada. Numa luta.”

“Espingarda.”

“Espada.”

Alguém me diga por favor (porque eu já fui à wikipedia e não fiquei totalmente esclarecida em relação às armas mais utilizadas nas batalhas em Ceuta no século XVI) como raio perdeu o senhor o olho direito. Esqueçam lá os Lusíadas.

very first school trip




“Tommy, pergunta aí à Té o que achou da ida à Exponor…”

O Tomás, assumindo a  pose de irmão mais velho, esforça-se por demonstrar um genuíno entusiasmo em relação ao passeio da irmã: 

“Então conta-me lá como correu a tua PRIMEIRA visita de estudo de sempre!”

A Teresa começa a gesticular alegremente e despeja um arrazoado de sons entre os quais só consigo distinguir qualquer coisa como autocarro, escola e amigos. Depois pára e lança um sorriso expectante ao irmão que lhe faz uma festinha no cabelo e sussurra:

“Muito bem, Teresinha… agora em Português.” 

domingo, 10 de março de 2013

obrigadinho, estava a ver que não vinha.






07:15 a.m. 

Ouço os passitos do Tiago no corredor. Algo está mal quando acorda com as galinhas...

"Mãe, tenho muita sede."

Tardou, tardou, mas chegou. É oficial. Está finalmente com febre. 

"Como te sentes meu filho? Estás tão quente!"

"Sinto-me um bocado bem :-)"

terça-feira, 5 de março de 2013

gramática



Tenho para mim que ensinar gramática da língua portuguesa a uma criança de 10 anos é quase tão difícil como pô-la a fazer integrais triplos.

Este fim-de-semana coube-me a ingrata tarefa de ajudar o Tommy a memorizar as regras de flexão dos nomes em género (masculino e feminino).

Regra geral:

Os nomes terminados em ‘o’ e ‘e’ formam o feminino em ‘a’.
aluno/aluna
infante/infanta

Até aqui tudo bem. Nada a apontar. Mas a coisa complica-se:

Os nomes terminados em ‘ão’ formam o feminino em ‘ã’, ‘oa’ ou 'ona’.

Como é que se explica que o feminino de valentão não é valentã e que o de castelão não é castelona? Não se explica. Aguarda-se o momento em que digam mal, sejam gozados por isso e aprendam a forma correcta.
Como se não bastasse ainda temos as excepções:

Alguns nomes terminados em ‘ão’ formam o feminino ‘ana’, ‘ia’ e ‘esa’:
sultão/sultana
espião/espia
barão/baronesa

Porquê complicar tanto? E podíamos ficar por aqui, mas não:

Há nomes que fazem o feminino com terminação em ‘essa’, ‘esa’, ‘isa’ e ‘ina’:
abade/abadessa, conde/condessa
duque/duquesa, cônsul/consulesa
poeta/poetisa, profeta/profetisa
herói/heroína, czar/czarina
  
Outros nomes terminados em ‘eu’ fazem o feminino em ‘eia’:
plebeu/plebeia
europeu/europeia

Há, no entanto, casos simples em que:

O masculino se distingue do feminino apenas através do determinante:
o estudante/ a estudante
o pianista/ a pianista
o artista/ a artista
o doente/a doente

Agora que penso nisto apercebo-me de que esta última é a única forma de distinção que a Teresinha aplica…

Para não parecermos demasiado mal perante línguas com lógicas bem mais básicas temos alguns casos em que:

…nomes com uma só forma para ambos os géneros:
a criança,
a vítima,
a pessoa,
a testemunha

Os nomes de alguns (saliente-se o ‘alguns’) animais possuem um só género gramatical, tornando-se, por isso, necessário juntar ao nome as palavras ’macho’ e ‘fêmea’ para especificar o sexo do animal:

a águia macho/a águia fêmea
a cobra macho/a cobra fêmea
o crocodilo macho/o crocodilo fêmea

Era directo se não tivéssemos de memorizar à partida que uns são ‘o’ e outros são ‘a’…

Cansados? Calma. Ainda faltam as centenas de:

nomes que formam o feminino através de palavras diferentes:
pai/mãe
rei/rainha
carneiro/ovelha
cavalo/égua

Se existir por aí alguém que já tenha conseguido ensinar português a um estrangeiro eu presto-lhe, desde já, a minha mais sincera homenagem.

Depois das regras de flexão dos nomes em género passámos aos nomes colectivos.

Nome comum singular associado ao nome colectivo vinha: “uva!”
Nome comum singular associado ao nome colectivo roseiral: “ramo!”

E porque não?

domingo, 3 de março de 2013

an officer in your backseat




Nunca primei por cumprir com rigor o código da estrada. Mesmo nas barbas da policia sou capaz das maiores obtusidades. 
Uma vez perseguiram-me durante 500 metros numa rua estreita com as luzes e sirene ligadas e eu, feita ursa, ainda acelerei o mais que pude para chegar rápido a um ponto em que conseguisse dar-lhes passagem... "vão com pressa" pensei... iam, efectivamente, com alguma pressa para me multar depois de eu ter pisado um traço continuo com eles imediatamente atrás de mim. 

A partir de agora nada será como dantes. O meu filho do meio descobriu o velocímetro e está sistematicamente a verificar se estou a cumprir com o limite. Convém relembrar que o meu filho do meio é o polícia da casa.
Como é que se explica a uma criança de 5 anos que é aceitável seguir a 70 numa rua vazia quando um raio dum sinal tem bem explícitos 50? Não se explica, tira-se o pé do acelerador.

"Mãe, aqui é 70, vais a 72..."

Toquezito no travão, desço para os 68.

"Agora é 60... "

Abrando mais um pouco.

"50... 50.. outra vez 50? Porque é que repetem os sinais? Já tinham dito lá atrás!"

"Alguém pode não ter visto o anterior... ou ter entrado só agora nesta estrada."

"Ok. 50... 50... já me estão a 'inrritar'!"

Eu é que começo a ficar 'inrritada' mas lá continuo, cheia de paciência, em ritmo domingueiro.

"40! Finalmente!"

Abrando para os 35... uma placa azul com um 'L' na traseira dava jeito, neste momento. Começa a formar-se fila atrás de nós. E desta vez, para meu azar, não é a polícia.

"Mãe, porque é que o senhor está a apitar?"

"Deve estar com pressa Ti..."

"E não deve ter visto o sinal 40!"

<Fóóóm, fóóóóm, fóóóóóóóm>

"Pois não deve ter visto Tiago, não deve ter visto..."

sexta-feira, 1 de março de 2013

papamobile




"Era uma vez, há muito tempo atrás, uma menina tão mimada, tão egocêntrica, que sonhava ter um papamobile. Imaginava-se, numa vitrina dourada, no topo do seu papamobile personalizado, apetrechado com jogos e brinquedos, a acenar, magnânima, às multidões."

Ao assistir às cerimónias de despedida do PapaBentoXVI recordei essa menina e o seu sonho megalómano. 

A menina cresceu e percebeu que o mundo girava, mas não à sua volta. 

A menina descobriu que o que somos, enquanto por cá andamos, sobre este mundo a girar, é tão somente o que representamos para os que nos são próximos.

A menina aprendeu a olhar para os outros. 

A menina já não quer um papamobile. E está muito bem assim.