terça-feira, 5 de março de 2013

gramática



Tenho para mim que ensinar gramática da língua portuguesa a uma criança de 10 anos é quase tão difícil como pô-la a fazer integrais triplos.

Este fim-de-semana coube-me a ingrata tarefa de ajudar o Tommy a memorizar as regras de flexão dos nomes em género (masculino e feminino).

Regra geral:

Os nomes terminados em ‘o’ e ‘e’ formam o feminino em ‘a’.
aluno/aluna
infante/infanta

Até aqui tudo bem. Nada a apontar. Mas a coisa complica-se:

Os nomes terminados em ‘ão’ formam o feminino em ‘ã’, ‘oa’ ou 'ona’.

Como é que se explica que o feminino de valentão não é valentã e que o de castelão não é castelona? Não se explica. Aguarda-se o momento em que digam mal, sejam gozados por isso e aprendam a forma correcta.
Como se não bastasse ainda temos as excepções:

Alguns nomes terminados em ‘ão’ formam o feminino ‘ana’, ‘ia’ e ‘esa’:
sultão/sultana
espião/espia
barão/baronesa

Porquê complicar tanto? E podíamos ficar por aqui, mas não:

Há nomes que fazem o feminino com terminação em ‘essa’, ‘esa’, ‘isa’ e ‘ina’:
abade/abadessa, conde/condessa
duque/duquesa, cônsul/consulesa
poeta/poetisa, profeta/profetisa
herói/heroína, czar/czarina
  
Outros nomes terminados em ‘eu’ fazem o feminino em ‘eia’:
plebeu/plebeia
europeu/europeia

Há, no entanto, casos simples em que:

O masculino se distingue do feminino apenas através do determinante:
o estudante/ a estudante
o pianista/ a pianista
o artista/ a artista
o doente/a doente

Agora que penso nisto apercebo-me de que esta última é a única forma de distinção que a Teresinha aplica…

Para não parecermos demasiado mal perante línguas com lógicas bem mais básicas temos alguns casos em que:

…nomes com uma só forma para ambos os géneros:
a criança,
a vítima,
a pessoa,
a testemunha

Os nomes de alguns (saliente-se o ‘alguns’) animais possuem um só género gramatical, tornando-se, por isso, necessário juntar ao nome as palavras ’macho’ e ‘fêmea’ para especificar o sexo do animal:

a águia macho/a águia fêmea
a cobra macho/a cobra fêmea
o crocodilo macho/o crocodilo fêmea

Era directo se não tivéssemos de memorizar à partida que uns são ‘o’ e outros são ‘a’…

Cansados? Calma. Ainda faltam as centenas de:

nomes que formam o feminino através de palavras diferentes:
pai/mãe
rei/rainha
carneiro/ovelha
cavalo/égua

Se existir por aí alguém que já tenha conseguido ensinar português a um estrangeiro eu presto-lhe, desde já, a minha mais sincera homenagem.

Depois das regras de flexão dos nomes em género passámos aos nomes colectivos.

Nome comum singular associado ao nome colectivo vinha: “uva!”
Nome comum singular associado ao nome colectivo roseiral: “ramo!”

E porque não?

Sem comentários:

Enviar um comentário