terça-feira, 28 de maio de 2013

ruca





Tenho um problema com o Ruca. É certo que, excepção feita à Ovelha Choné e ao Wow Wow Wubbsy, tenho um problema com a generalidade dos desenhos animados. Melhor ou pior, lá os vou aguentando com a segura convicção de que vão passar de moda antes de darem cabo de mim. Assim foi com o Doraemon, o Noddy, as Pistas da Blue, a Vila Moleza, a Princesinha, a Dora a Exploradora, o Manny Mãozinhas e uma infinidade de outros.

O Ruca não. O Ruca foi consumido pelo Tomás, pelo Tiago e pela Teresa. Sem entusiasmo excessivo mas com uma fidelidade inegável. Entrou cá em casa algures em 2003 e ainda não saiu. Uma década de Ruca devia dar direito a um prémio.

O Ruca pode ser construtivo, pedagógico, adequadíssimo a crianças com menos de cinco anos. A mim, enerva-me. Tudo no Ruca me enerva. A começar pelo nome. Porquê Ruca? Ruca é diminutivo de quê? De nada. Soa mal e, como se não bastasse, é repetido até à exaustão. Discurso directo, discurso indirecto, lá está o raio do nome sempre presente.

Há tempos dei-me ao trabalho de contar com o Tommy o número de vezes que a palavra Ruca é dita por episódio. Seis vezes no genérico e 11 vezes em média por história o que se traduz num “…Ruca…” a cada 12 segundos. Nos livros é ainda pior. Dois em cada três períodos começam ou terminam em Ruca. 

As cores. Amarelo, verde, azul, vermelho. Todo o universo do Ruca se desenvolve naquele conjunto limitado de cores básicas sempre emoldurado por uma nuvem esfumada não vão as crianças pensar que estão perante um documentário em vez de um conto. 

Não  me estendo relativamente ao sotaque sinistro da equipa de dobragens porque é, sem grande margem para dúvidas, de gente que mora algures por estas bandas. 

As roupas. Quem é  que no seu perfeito juízo veste umas calças azul à Porto, uma camisola vermelha e verde e uns sapatos vermelhos com cordões amarelos? O pai do Ruca. Esse ser absolutamente irreal que consegue fazer com que nos sintamos os piores educadores do mundo. 
O pai do Ruca não ralha, adverte. O pai do Ruca não critica, explica. O pai do Ruca não se zanga, surpreende-se. 

A mãe do Ruca. A mãe do Ruca é insuportavelmente igual ao pai do Ruca. Perante o maior dos disparates não consegue proferir mais do que um seráfico "Ohh, fofinho!..."

Ruca, fofinho, acho que precisamos de dar um tempo. Não me entendas mal. O problema não és tu, que és perfeito. O problema sou eu.

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