quinta-feira, 18 de julho de 2013

because i'm bad



O Tiago está empolgado com a ideia de passar para o ‘edifício dos grandes’ e aproveita toda e qualquer oportunidade para o demonstrar:   

“Teresa, já te disse que para o ano estás SOZINHA? Eu já vou lá para cima, para o pé do Tomás!”

A Teresa tem reagido sempre do mesmo modo, franzindo o sobrolho e murmurando um (aparentemente) desinteressado “nahh”. Por mais ambientada que esteja ao colégio não me parece que se sinta preparada para a ausência do irmão. Até porque, enquanto em casa são gato e rato, na escola entendem-se às mil maravilhas.

“Ti, não continues a dizer-lhe isso, que a fazes ficar triste…”

“Mas é verdade!”

“Eu sei, mas a Té é pequenina e ainda não compreende bem as coisas. O melhor é deixar andar e quando começarem as aulas vais ver que vai acabar por encarar o facto de não estares lá com normalidade.”

‘Deixar andar’ é algo que não encaixa no seu vocabulário. As verdades não podem ser camufladas. Principalmente aquelas que irritam a irmã. Abana a cabeça e diz:
  
“Teresa, podes não compreender mas TENHO de te explicar: quando voltares à escola vais descobrir que estás sozinha na infantil e vais ficar triste. MUITO triste.”

Ela é pequena e pode não perceber nada acerca de anos escolares mas percebe perfeitamente quando a estão a provocar. E aí, em substituição do (aparentemente) desinteressado “nahh", puxa a mão atrás.

“Mãe!!! A Teresa bateu-me!!!”

Bateu, sorriu, deu meia volta e foi à sua vida. Já percebeu que vai chegar um momento em que vai ficar triste. MUITO triste. Enquanto esse momento não chega é bom que não voltem a tocar no assunto. Porque ela é má. MUITO má.


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