sexta-feira, 26 de julho de 2013

"Verdinho é que é bom!"


Cá em casa, sopa, só se for passada e sem verdes. Não interessa o que lá ponho dentro desde que o resultado seja um creme amarelinho. Espinafres, agriões e ervilhas estão vetados sob pena dum “Mãe... não gosto desta sopa… porque é que fizeste sopa VERDE?”

Podia ser um problema generalizado com o verde, mas não. No que toca a doçarias, o bolo de eleição é qual? Bolo de chocolate? Bolo de iogurte? Bolo de laranja (amarelinho como a sopa)? Não. O bolo preferido é verde. Verde, do mais verde que se possa imaginar. Tão verde que parece estar carregadinho de corante. E porque é que é tão verde? Porque é feito com um grande molho de espinafres ou agriões. Verdes. Verdíssimos. Odiados na sopa, adorados quando misturados com açúcar, farinha e ovos. Dá para perceber? Não, mas há muito que desisti de tentar entender algumas das estranhas opções da minha prole.

Terça feira. Oito da noite. Entro em casa e sou cumprimentada com um:

"Mãããe! Podes fazer bolo verde? Por favooor..."

"Posso. Um destes dias."

"Hoje!"

"Hoje? Nem pensar. É tardíssimo e ainda tenho de tratar do jantar."

"O pai disse que podias..."

"Jura..."

"Podes?"

"Não tenho espinafres."

"O pai disse que ias buscar num instante ao Supermercado."

O André, que está sentado no sofá, contempla o infinito de modo a se desviar do meu olhar fulminante.

"A Té vai compá com a mãe e vai ajudá a fazê os quéque."

"Afinal querem bolo ou queques?"

"Queques!" – respondem em uníssono, pai incluído.

Boa. Dezenas de forminhas para encher com a ajuda da Té...

Estou tão cansada que nem consigo argumentar. Meto o jantar no forno e parto em busca dos espinafres.

Já passa das onze quando terminamos a última fornada de queques verdes. Atiram-se a eles como se não comessem há dois dias.

"Parem de comer, por amor de Deus... faz-vos mal."

"Mal? São de espinafres, mãe! Fazem muito bem. Podemos comer mais um?"

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