sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Big Brother



O Tommy é um irmão mais velho como há poucos. Não que nunca perca a paciência mas, antes de fazer uso da força, esforça-se por resolver pacificamente os conflitos com e entre os irmãos. E poucos são os que conseguem manter uma postura pacífica perante dois seres que não aguentam estar juntos mais de dez minutos sem se engalfinhar. A saber:

Espírito de Partilha:
Querem sempre o MESMO brinquedo, o MESMO lugar no sofá, o MESMO lugar à mesa, o MESMO copo, a MESMA bolacha, o MESMO marshmallow (mesmo que haja trinta iguais).

Companheirismo:
NUNCA querem o mesmo programa de televisão, NUNCA querem o mesmo jogo de consola, nunca querem a mesma coisa quando se trata de algo que pode ser feito a dois.
 
Bom perder:
Ambos querem ser o PRIMEIRO a entrar na banheira, o PRIMEIRO a chamar o elevador, o PRIMEIRO a marcar o código da garagem, o PRIMEIRO a chegar ao carro. Nesta de chegar ao carro o Ti tem apresentado alguma melhoria mas não resiste a dar cinco passos de corrida no mesmo sítio assim que a porta do elevador se abre, gesto que despoleta na Té um arranque supersónico acompanhado de gritos lancinantes: “QUÉÉÉÉ GANHÁÁÁÁÁ!!!”

A tudo isto o Tommy reage com alguma calma, tendo vindo a adquirir uma capacidade invejável de ignorar o circo mesmo quando ele está a pegar fogo atrás de si. 

Nos casos em que a briga lhe cai, literalmente, em cima, usa várias técnicas de apaziguamento: chamá-los à razão (raramente resulta), distrair a atenção para outra coisa (resultado pouco garantido e nada duradouro), fazer uma palhaçada (quase infalível), e, mais recentemente (sem que eu tivesse força de vontade suficiente para o impedir), suborno:

“Dou-vos uma moeda a cada um se me deixarem em paz!”

Foi vê-los a correr quarto fora. Pararam à porta, de mão estendida, enquanto o mano abria o mealheiro.

“Ora, vamos lá, um euro para o Ti, um euro para a Té…”

A Té não ficou satisfeita. Manteve a mãozita aberta e decretou:

“Pa mim é nota!”

Seis euros por alguns minutos de descanso. Acho que vou ter de lhe aumentar a mesada.


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