terça-feira, 15 de outubro de 2013

"Que dispaiate!"



Esta fotografia está na parede há um bom par de anos. Presente do papá num ‘dia da mãe’. A Té, aparentemente, nunca tinha reparado nela. Está sentada na sua mini-poltrona e observa-a enquanto devora uma embalagem de gomas que trouxemos da ‘funmácia’.

“Estás a olhar para a fotografia, Té?”

“Tim” (a pronúncia do ‘S’ no início de algumas palavras sai-lhe com ‘T’ mas confesso que acho graça pelo que nem tento corrigir).

“Está gira não está?”

“Está mal.”

“Caramba, que vocês são complicados. Nunca nada está bem…”

Aponta, entre duas gomas, aquilo que é óbvio e eu pareço não estar a ver.

“Eu... o Tiago... o Tomás... bem. A mamã... está mal.”

Posso estar horrenda mas já me dou por contente por me chamar ‘mamã’ em vez de ‘mãe’. É a única que o faz.

“Estou mal, querida? Porquê?”

Franze o sobrolho, incrédula, perante a minha falta de discernimento. Explica-me, devagarinho, para que eu entenda:

“Mamã… tu é uma. Só uma. Ali tão tês. Tês mamãs é um dispaiate.”

É um disparate, de facto. Mamã há só uma. Mas, vendo bem a coisa, não era de todo mal pensado…

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