quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

wannabe



A Teresinha é uma caixinha de surpresas. Nunca sei o que esperar daquele metro de gente de nariz arrebitado. Talvez por isso não tenha achado estranho que há dias tenha decretado que "nada" era o que desejava fazer quando fosse grande.

O Tiago não gosta de surpresas nem de não saber o que esperar dos outros. Talvez por isso não tenha 'encaixado' o assunto sem descortinar o porquê de tamanha sostrice da irmã em relação ao seu futuro neste mundo. Insistiu, descortinou e cabe-me agora a mim, em jeito de desculpa por ter menosprezado o potencial da minha filha, transmitir a conversa dos dois:

"Ainda não percebi porque é que não queres ser nada."

"Poque sim. Não qué sê nada."

"Podes ser muitas coisas giras. Podes ser médica. Podes ser polícia. Podes ser empregada de  loja..."

"Nao qué sê nada, já disse."

"Mas porquê, Teresa? Porquê?"

"Poque eu góto de sê pequena! Eu não qué sê nada poque EU NÃO QUÉ SÊ GANDE!"

Tão simples como isto. Tens toda a razão, minha querida. Quem é que, no seu perfeito juízo, quer ser doutor quando pode ser criança?

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