terça-feira, 25 de março de 2014

Talões, cartões e outras complicações...



Manhã de domingo, 23 de Março. Uma brisa gelada entra pela janela da cozinha para me deixar bem claro que a Primavera só chegou ao calendário. Enquanto preparo um café com leite bem quentinho penso no que tenho para fazer ao longo do dia: reunião de scrapbooking (onde já devia estar há meia hora), almoço, levar o Tommy a uma festa de aniversário (tarefa que posso chutar para o pai) e dar uma arrumação à casa. Pacífico. 

Dirijo-me à janela para a fechar quando, ao passar pelo quadro magnético, reparo nele. Pequenino. Quadradinho. Vermelhinho. A ondular ao sabor da brisa, no meio de um amontoado de recibos, facturas, notas e desenhos. Faço de conta que não o vejo. A minha consciência não é minha amiga e grita-me: «Último dia para o desconto de dez por cento em cartão!»

Bolas. Compras de mês numa tarde de domingo é tudo que eu não preciso. Vale-me o facto de o André estar em casa para ficar com os miúdos. Guardo o talão na carteira e saio porta fora. Quando regresso do scrapbooking, sem que tenha sequer oportunidade de mostrar o belíssimo lay-out que acabei de fazer, sou atingida com um:

“Joana, tenho de preparar uma apresentação. Preciso leves o Tommy à festa e vás ao supermercado… com a Té.”

Respiro fundo e procuro encontrar uma solução que não envolva Domingo, Continente e Teresinha em simultâneo. Não encontro. A Té sorri-me, bem disposta, enquanto tira do bolso dos jeans um papel que me estende.

“O que é isso Tété?”

“A minha lista. Do que eu peciso de compá.”

“Desde quando é que a menina escreve listas de compras?”

“Não esquevi. Disse ao Tiago e o Tiago esqueveu.”

Domingo, Continente e Teresinha munida de lista de compras… a combinação de sonho. Porém, dez por cento de desconto são dez por cento de desconto. Valem o esforço.

Lá fomos. Ao serão dei-me ao trabalho de analisar a factura e somar tudo o que comprei sob coação da minha filha. Contas feitas, concluí que gastei quase vinte por cento a mais do que se tivesse ido sozinha. Espero que a apresentação do pai tenha ficado óptima já que a paz de espírito de que usufruiu para a fazer custou para cima de quarenta euros.



1 comentário:

  1. Eu, que já sou naturalmente baralhada quando vou ao supermercado, que entro já sonhando com o momento em que vou sair, que me esqueço por que lá fui e trago coisas que não planeava, se puser nessa mistura uma, ou duas crianças... desastre!
    Como eu DETESTO ir ao super!

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