sábado, 26 de abril de 2014

Cheetos



Estaciono o carro em cima do passeio, em frente à padaria.

"Meninos, vou buscar pão."

"Mamã, posso i contigo pa escolhê coisas pa mim?"

"Não. Está frio e chuva. Ficas aqui com o Ti. São só dois minutos."

Antes que feche a porta o Ti pede bolas verdes. Bolas verdes? Que diabo são bolas verdes? Assim que atravesso a porta do estabelecimento deparo-me com um expositor da Matutano. Em destaque estão os Cheetos futebolas. O horrível sabor de sempre, agora em bolas, num pacote verde. Está explicado. É isto que o rapaz quer. Adora Cheetos. Não entendo como é que alguém tão avesso a junk food gosta de Cheetos. Ok. Dois pacotes, um para cada um. Não estou com disposição para discussões. Regresso ao carro e aviso que as bolas verdes são para comer em casa, com moderação. Moderação é uma palavra que não existe no (parco) dicionário da Té. Estendo-lhe alguns Cheetos, fecho o pacote e coloco-o longe da vista. O Ti tira um par de bolinhas fedorentas do seu e avisa:

"Dois por dia mãe. É o meu máximo."

Gosta de parecer hiper-mega-responsável mas nem sempre o consegue. Marshmallows e Cheetos são a sua Kryptonite. Passados alguns minutos está de regresso à cozinha. Olha-me de lado enquanto abre a mola com que fechou cuidadosamente o seu pacote.

"Então Ti? Não eram dois por dia?"

"Três. Três por dia."

Faço de conta que não vejo a sua terceira, quarta e quinta investida. À sexta não deixo passar. Aproximo-me e toco-lhe o ombro.

"Afinal de contas qual é o teu máximo, senhor Tiago?"

"Não sei quantas bolas tem o pacote, mãe. Digo-te amanhã, ok?"


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