quarta-feira, 6 de agosto de 2014

"Não fui eu!"



“Meninos! Quem rasgou o plástico da caixa do Super Mario Kart?”

Podia ter sido eu, tal é a minha embirração com o Super Mario Kart e com tudo o que o rodeia. Não consigo jogar. Despisto-me na primeira curva ou à primeira banana que me lancem. Não conheço metade das personagens. Não distingo os seus veículos muito menos as potencialidades de cada um. Não tenho pachorra para as discussões que se geram quando alguém tem de jogar com o Yoshi quando queria ser o Bowser. Recuso-me a pactuar com horas de tempo perdido em pesquisas no youtube de homegeekvideos que explicam os passos necessários para se conseguir a Rosalina ou o Koopa Troopa. Podia ter sido eu mas não fui. Eu teria feito desaparecer o cd, não tinha rasgado o plástico da caixa. Quem quer que tenha sido não se acusa. Volto a perguntar:

“Meninos! Quem rasgou o plástico da caixa do Super Mario Kart?”

Um “não fui eu!” é gritado em uníssono sem que nenhum filho ou sobrinho se digne a tirar os olhos do jogo.

O Johnny opta pelo caminho mais simples que é o de atirar as culpas para quem não está presente para se defender e, entre duas ultrapassagens, solta um tímido:

“Deve ter sido a Marta.”

O Ti indigna-se:

“Desculpa João, mas a Marta não foi de certeza. A Marta é uma menina. As meninas não são capazes de fazer uma maldade tão grande.”

A Té encolhe-se atrás do sofá antes que o irmão tenha oportunidade de reflectir um pouco melhor na sua declaração em abono da bondade intrínseca das meninas e diz:

“Acho que foi um mooonstrooo, mamã.”

O Ti ri-se e encolhe os ombros:

“Té, que parvoíce. Os monstros não ‘insistem’…”

O Johnny ri também:

“Toda a gente sabe que não há monstros. Só pode ter sido um ladrão. Ou então, o Homem Invisível.”

O Ti termina a prova em primeiro lugar,  levanta-se ufano, pousa o comando, pega na caixa rasgada e diz:

"Não foi nenhum de nós. Não foi um ladrão pois não entrou cá nenhum ladrão. Só pode ter sido o Homem Invisível. Só gostava de saber porque é que o Homem Invisível teve a ideia de estragar a caixa do meu jogo. Eu se fosse invisível fazia coisas bem mais divertidas."


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